Sunday, August 12, 2007

Poeta Transmontano e do mundo.

"Vou desesperado mas assinei a vida que vivi..." (Diario XIII), Miguel Torga
Parabens! Poeta do mundo rural, das forças teluricas e ancestrais. Vidente e confidente da força dos elementos da natureza. Aquele cuja Assinatura tem a humildade, força e espontaneidade da Torga. A planta que nele viveu, o Amor pela Terra Transmontana, pela Mulher, pela Natureza, pela ilusao, pelos Sonhos, pela Vida.
De todas as Assinaturas, a mais bela e a que perdura nos nossos coraçoes, tao bem escolheste a tua, ficara para sempre imortalizada no coraçao de quem te le, poeta da solidao.
S.Martinho de Anta, 18 Abril 1962
Instruçao Primaria
Nao saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice e que sabe, e apenas sabe
Que o mar nao cabe
Na poça que a inocencia abre na areia.
Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusoes...
Um a- be-ce secreto
Que soletres a margem das liçoes...
Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorria!
Asas? Nao sao precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aia das fantasias.
Diario IX,

Parabens "Lavrador das letras", cantor da figura feminina: "A mulher! Nao me canso de a exaltar. O que o homem e a seu lado! Um Adao inocente, um Edipo perplexo, um Otelo cego. Flor emblematica da Criaçao..."(Coimbra, 12 de Outubro de 1978, Diario XIII).

Friday, March 30, 2007

Retratos das Terras - SOUTO DA VELHA.

(Ruinas de um moinho de agua)

SOUTO DA VELHA: e uma das 17 freguesias do Concelho de Torre de Moncorvo, area predominantemente rural.
Trata-se de uma paisagem de importante realce cultural e de forte impacto turistico. Alguns moinhos de agua, fornos, lagares de azeite e a deslumbrante margem esquerda do Rio Sabor.

Com uma area geografica de 12, 5 Km, com 125 habitantes, numa media de 10 habitantes por km 2.


FAUNA: Para um descanso da mente e do corpo, neste local paradisiaco e de encantos acrescidos, a companhia do Açor, do Gato selvagem, da Aguia Pesqueira e da Felosa do mato, entre outras especies, merecem um olhar atento na pintura desta paisagem plena de sentidos e de significados.


FLORA: O que o olhar nao alcança, o coraçao nao sente. Nesta paisagem bucolica surgem as mais belas especies, tais como: Orquideas do Campo, Pinheiro, Medronheiro, Amendoeira, Cedro, entre outras especies de beleza natural.


LOCAIS DE INTERESSE CULTURAL A VISITAR: Um local, misto de magia e encanto, narrativas de um passado que se cruzam com os olhares mais atentos do presente, tais como:

***** CHAFARIZ FILIPINO: (Sec.XVII);


***** CHAFARIZ DE LAMELAS: (Felgar, Barroco, feito em Cantaria, 1744);

***** FONTE DO CARVALHO: (Torre de Moncorvo, muito antiga, de 1601, fonte muito simples, sem ornamentos, agua muito fresca, proveniente de uma nascente natural);

***** FONTE DE MOS: (Fonte de provavel origem Castreja);


***** FONTE DE S.TIAGO: (Torre de Moncorvo, Sec. XVII, 1628);
LENDA:
Ha gestos que se perdem e prendem nas brumas, ainda hoje SOUTO DA VELHA continua a atar o rabo ao diabo:


(Giestas amarelas da saudade da paisagem bucolica)
Ainda hoje, as mulheres desta regiao continuam a cumprir gestos simbolicos, que se perdem nas brumas da memoria de rituais pagaos. Fazem-no dando nos em Giestas. Mais nao e do que um laço tenue para um cativeiro temporario do demonio, um espirito do mal que assim fica impedido de lhes atazanar a vida. Trata-se de uma visao maniqueista da vida, onde o bem e o mal marcam o destino. Ano apos ano, no dia 19 de Março, fazendo os nos nas Giestas, esconjuram Satanas das suas vidas e mantem acesa a chama das tradiçoes. Indicios Celtas? Modos peculiares de viver...

Retratos das Terras - FELGAR.

(Fonte de Mos, de provavel origem Castreja)
FELGAR: e uma freguesia portuguesa do Concelho de Torre de Moncorvo, com 36, 23 Km2 de area e 1100 habitantes (aprox.), 314 fogos e 852 edificios.
Situa-se no cabeço da Mua, a cerca de 12km da sede do Concelho, na estrada nacional que liga este concelho a Freixo.
Felgar que viveu, essencialmente, das minas do Carvalhal vive hoje da agricultura. E uma freguesia aprazivel e muito acolhedora. Outrora, as aguas convertidas em força motriz moviam 20 moinhos de pao e 4 pisoes de pano. Fabricava-se loiça de barro vermelho fino.
As suas terras, de uma e outra margem do Sabor sao ferteis. Outrora, no local de SILHADE, colhia-se muito pao, azeite e amendoa. Este lugar de Silhade tinha nessa epoca 20 casas, onde as pessoas se recolhiam no tempo de semear e colher os frutos da terra. Consta ainda, que no sitio de Silhade, junto ao Rio Sabor, havia uma povoaçao de que ainda ha vestigios. Neste local havia um rosmaninhal, onde os moradores de Silhade vinham segundo consta folgar, tendo-se povoado a pouco e pouco, vindo a dar origem ao nome actual de Felgar.
FIGURAS MAIS PROEMINENTES: Algumas figuras que fazem parte da paisagem cultural de Felgar, das quais se destacam a do Abade do Felgar Joao Pinto (Comissario do Santo Oficio), Antonio Vaz Pereira Bacelar (Direito Religioso), com uma deslumbrante tese dedicada a Nossa Senhora do Rosario, 1705, Antonio Emidio Guerra (medico), Ramiro Maximo Guerra (medico), Urgel Horta (medico oftalmologista, deixou varias obras literarias, 1896), entre outros...
ROMARIA: Nossa Senhora do Amparo, no 1º Domingo depois de 15 de Agosto.

Retratos das Terras - RIBEIRA DOS MOINHOS.

(Margens do Rio Sabor)

Retratos de algumas aldeias tipicas dos arredores do Rio Sabor, algumas Romarias e Actividades Transmontanas.
Vale a pena conhecer caracteristicas peculiares de um povo, o povo Portugues. Nas margens e arredores do Sabor, um dos ultimos rios cujo curso corre tal e qual a Natureza o decidiu. Com uma fauna e flora unicos onde o Homem extrai, entre outros produtos, azeite e cortiça.
RIBEIRA DOS MOINHOS:
Nesta linda paisagem podem visitar-se ruinas de velhos moinhos de agua, assim como ruinas de um pisao. O Leito da ribeira cortado na rocha granitica encontra-se, geralmente seco no Verao, mas com respeitavel caudal durante o Inverno. Percorrendo a ribeira em direcçao ao Douro, encontra-se o velho Pisao. Ate ao seu abandono, ha 60 anos, serviu para pisar e amolecer o Linho e os seus tecidos derivados, como a Estopa ou ainda o Borel. Ainda se pode observar, entre outros, o sistema que canalizando a agua fazia mover um enorme maço de pedra na extremidade duma viga em madeira, que pisava em movimentos ritmicos os tecidos.
Paisagem: Entre Giestas, Carvalhos, Azinheiras, Olivais, algumas Vinhas, Pinhos, Zimbros, algumas especies de aves como o Melro, 0 Estorninho, a Perdiz ou a Cotovia, encontram neste local o lugar ideal para a sua nidificaçao.
O Javali, a Raposa, o Coelho bravo e a Lebre tem aqui o seu habitat.
E de salientar a lenda do Vale de Maxide, bonita paisagem em que se podem sentir vestigios do que outrora permanece intacto na memoria do Ser. Conta a lenda: Entre os picoes de Belos Aires e Crocha encontra-se um sino de ouro, que os mouros em debandada para o Sul, nao o podendo transportar, resolveram esconde-lo. Lendas que o silencio da paisagem reflecte no horizonte do Sonho, lendas que esperam visitas...


Paisagem rural.

(Rio Sabor, Parque natural de Montesinho)
Pequenos caminhos rurais, que por vezes se transformam em simples carreiros de dificil andamento, serpenteando pelo meio de Estevas, Escovas, Piornos, onde o Zimbro tambem impoe presença. Regioes que permanecem na memoria e no coraçao, fazem surgir emoçoes escondidas e alimentam a poesia. Um lugar que se sente, nao se descreve, uma terra onde apetece sempre voltar, ficar. A Paisagem e soberba, ao longo do Rio Sabor ocorre uma importante comunidade de aves rupicolas, donde se destaca a presença de especies como a Aguia de Bonelli, a Aguia- Real, o Abutre do Egipto e a Cegonha- Preta. O Baixo Sabor possui um valor ecologico unico e insubstituivel. Nesta area ocorre uma flora e vegetaçao de caracteristicas impares, em Portugal. Surgem, tambem os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais de Tras-os-Montes.
Rio Sabor, elementar pela grande diversidade de habitats naturais e especies que ai dao pilar ao Ser e Sentir, navegando nas margens de um rio selvagem que convida a introspecçao, prende emoçoes ao Vale encantado... O Rio Sabor e um museu vivo para observaçao da biodiversidade. Podem organizar-se passeios tematicos nas margens deste rio de paixoes, onde o Sabor esta sempre presente na observaçao da avifauna, anfibios e flora.
E, indubitavelmente, um rio com elevadas potencialidades a nivel natural, paisagistico e cultural.
Vale do Sabor: para alem do sonho que acompanha o verdadeiro nome deste vale, trata-se de uma zona especial de protecçao das aves zepa. O Sabor possui um valor ecologico unico e insubstituivel. Nesta area existe uma vegetaçao de caracteristicas impares, onde se destacam, as particulares comunidades associadas ao leito das cheias.
Devido a fisiografia o Vale ocupa o patamar bioclimatico termomediterranico.


Quando o Sonho acontece.

"Tao fragil e a vida, dizia-me a ferida. E um calice finissimo. Uma flor que, a qualquer momento, o vento colhera, uma criança no colo do tempo... "
Paulo de Araujo, A dança do tempo, Editora vozes

As feridas da Vida sao tantas mas, ajudam-nos a Sonhar, fazem-nos crescer. Cada ferida que se liberta em nos e como o canto do cisne, deslumbrante... Consta-se que o Cisne liberta um som maravilhoso quando esta para abandonar este mundo. Ah, se ele pudesse inaugurar uma nova viagem, uma viagem dentro de si mesmo, pelas veredas do sonho, pelas margens do sabor existencial, pelos trilhos do Ser e do Sentir... Cada Ser Humano tem ao seu alcance a capacidade de Sonhar e a realidade para concretizar os seus Sonhos, porque nada e ilusao, nada acontece por acaso... Sonhos sao frutos do pomar do Sentir, sao sementes lançadas a terra com vontade de germinar... Nesta vontade de Sonhar, dedico esta mensagem a um Amigo Sonhador, ao Joaquim Bairrinho para que ele saiba sempre apreciar os pequenos pormenores, voar como um passaro, ver com olhos de Lince, para la das fronteiras do Ser e do Sentir... Que o Cisne inaugure a sua viagem pelas margens do Rio Sabor, no Vale das emoçoes, nos Olivais do Ser...

Sandra Maria Ferreira