Monday, May 25, 2009

Almas pintadas pelo mesmo Sentir


E nesse teu mundo, que às vezes também é meu, existem pássaros, confidentes do teu Sentir. Existem folhas cadentes, estrelas de um outro céu: o teu céu que às vezes também é meu. Existe um mundo para lá de todos os sentidos e de todos os que sentem: mundo teu, mundo nosso.
E nesse chão que ambas pisamos: tu com as sandálias brancas, rasas, de uma só tira de couro e eu descalça, sempre descalça, percorremos caminhos à espera de lugares onde as nossas Almas possam entrar, onde elas possam morar ou apenas, breves eternos momentos, ficar. Ficar como quem fica num sonho ainda depois de acordado: um sonho recordado.
Esses muros: pedras gastas do Tempo testemunham os bocados de Sentir: do teu Sentir, do meu também. Esse vestido da cor do sonho que envergavas na tua infância e que ainda hoje envergas: só tu sabes, só tu sentes, só tu vês. Ninguém sabe que ainda estás presa na infância. Ninguém sabe os sentidos que enclausuras em ti e te recusas a libertar. Apenas tu, pequena grande rainha, princesa aos olhos teus.
As coisas que moram em nós, no mais profundo do Ser jamais mostramos aos que se recusam Sentir. As mesmas coisas que moram no rés-do-chão do teu olhar: olhar de mil encantos, de mil quebrantos – tesouro infinito.

Tu és tela de mil sentidos, pintura inacabada. Ou simples pauta por encetar. Brisa celeste nas mãos do Vento. Os teus pensamentos voam de mãos dadas com o meu Sentir porque te conheço a Alma: igual à minha: Almas pintadas pelo mesmo Sentir.

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