Monday, May 18, 2009

Guardião da Lua:


Em Nome de tudo o que protege um Ser eu invoco as forças do que te pode guiar.
Percorrerás caminhos onde a escuridão será maior que o dia mas continuarás sempre sem cessar.
Nem a voz do galo ou o piar do mocho te impedirão de caminhar. Ainda que faminto ou roto e que a Vida tenha feito de ti um maltrapilho – de vestes remendadas e pouco apresentáveis – nunca o serás aos olhos dos que lutam a teu lado. Mesmo os que se escondem e apenas a ti se juntam com desejos de bem-querer.
Tens a Lua como rainha. Soberana dos teus segredos. Coroaste-a com os teus sentidos e sem voltar atrás porque um bom cavaleiro, guardião ou senhor jamais retrocede no seu sentir, continuas a luta: conquistas sentidos.
Nessa cartografia que tens dentro de ti, cartografia íntima, tatuas linhas que a Lua ordena.
Fazes dos orvalhos da manhã gotas suculentas de prazer ou apenas tinta que usas nas páginas onde desenhas os teus sonhos. Tudo sob a vontade da Lua. A Lua, doce cortesã. A mesma que tu guias e que te guia: sem jamais perder cada traço ou simples rasto que deixas no teu caminhar.
Serás o Último dos heróis sobre a Terra: já não há heróis espirituais. Já não há amor pelas Glórias imortais: sentimentos que tudo valem, que tudo merecem e que poucos conhecem ou ousam conhecer.
Em Nome de tudo o que existe e do que não teve lugar na existência: daquilo que foi apenas um caminho, sem nunca se tornar um lugar – todos devemos ousar Ser um Lugar nos caminhos de alguém - eu te nomeio Príncipe dos Sentidos, rei dos maltrapilhos, cortesão dos bosques e das matas e serras, senhor sem castelo.
Eu te nomeio, com esta espada, Guardião da Lua, herdeiro do Escritor, do primeiro escritor que a Terra viu e de mim se esqueceu. Mas tu, jamais te esquecerás de me guardar, de me honrar, de perseverar nas tempestades em nome de mim.
Faço de ti um senhor cujas vestes nada valem, cujo sentir está na espada que guardarás como um utensílio, não de guerra mas de Paz: arma de defesa dos Sentidos. A ela recorrerás nos momentos de dor, pura aflição: serão imensos. Muitos. Mesmo. Infinitos.
Nesses momentos colherás todo o Sabor da existência: serão caminhos, conduzir-te-ão aos lugares mais recônditos dos sentidos: aqui serás Senhor.
Este é o teu reino: reino da dor. Reino da expiação. Reino do sofrer como provação.

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