Tuesday, June 23, 2009

História sem dono


A madeira gasta pelo tempo, sublimada pela beleza das flores, recebe as primeiras manchas que o orvalho da manhã traz consigo. Algumas dessas manchas são lágrimas do meu Sentir. Outras são partículas desse átomo que é a Vida.
Um conjunto de lágrimas marca o chão. O chão de tábuas que regista cada passo da existência e recebe o caminhante com os seus pés descalços.
Um vaso de Hortênsias. Muitas folhas verdes no vaso. Cada folha de Hortênsia adorna cada pétala branca e dá cor aos sentidos dispersos nas mãos do vento. O mesmo Vento que comanda o destino e outorga a Vida.
Uma porta aberta. O vidro da porta reflecte os sentidos da Alma. Porta para o outro lado do Ser: convite sem laço. A ausência. O vazio imenso dos sentidos. As lembranças que ardem no peito como eclipses de fogo. A dor. Uma dor intensa e aguda. Tudo isto é saudade do que foi e agora faz doer.
Talvez um dia, ou num instante apenas, a chuva me lave o Ser. Talvez as recordações já não sejam pássaros de asas presas. Talvez o Tempo disperse as mágoas no Vento e ordene que as enterre do outro lado do mar, onde o teu Sentir não pode chegar.

E a dor sempre presente. Dor. Atalho de Amor.

7 comments:

DE-PROPOSITO said...

Um vaso de Hortênsias.
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A beleza das flores. E como elas comunicam connosco.
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Felicidades.

Lilá(s) said...

Encontrei aqui um pouquinho do paraíso!
bjs

Miguel Ferreira said...

E dessa dor o melhor guardarás... Verás que muito em breve são as pequenas marcas que vamos tendo. Os sinais que nos modificam as feições e a aparência... mas no fundo nunca deixamos de ser nós.

Belo texto...
Beijos

Lilá(s) said...

Não resiste a voltar a este pedacinho de paraíso e deixar um beijinho.

a magia da noite said...

a dor é sempre uma porta que se mantém fechada quando o amor parte para lado incerto.

Ana Pallito said...

Dançávamos na chuva leve daquela primavera. Nossos pés bailarinos nos denunciam no caminho do amor.Há um tempo para tudo menina querida.

Unknown said...

Cara Ana Pallito:agradeço as palavras. Mas, as palavras nao se agradecem, ou sim?
Um abraço.
Sandra Ferreira