Monday, June 8, 2009

Os subterrâneos do Amor


Uma tela por pintar. Uma Gardénia sem perfume. Brisas que o Tempo guardou. Segredos por dizer. Silêncio. Ausência dos Sentidos. Era uma vez uma brisa enclausurada nas mãos do Tempo, companheira dos dias e das noites sem vez. Era uma vez um ser, perdido nas fendas de um labirinto qualquer. Era uma vez, nalgum Tempo, numa hora qualquer, um sono de mulher: olhos pequenos e solitários, amargurados pelo Sentir.
E era uma vez todas as vezes sem ser, todas as palavras por dizer, todas as pautas por encetar, todos os mundos fundos e frios que ao Sentir sem dono pertencem…
E nesse dia um palhaço que dança. A dança da solidão: sete passos errantes num enorme salão vazio. Sete passos de nada. Pobre viver! E as tintas do rosto desfeitas pelos rios dos olhos: Subterrâneos do Amor.
Reinventem o mundo. Suba o Homem às árvores e nelas nidifique sonhos. Os sonhos que poucos sentem a coragem de pintar. E nas cabeças carreguem o feno: árduo viver! E por terra façam a caruma de outros tempos permanecer. Dias infinitos para o Sonhador.
Um laço de cetim branco: símbolo dos sentidos perdidos, enclausurados, nessa moldura por encetar: mil e um são os Subterrâneos do Amor.

1 comment:

Graça Paz said...

Lindo!!e o desenho é fantástico!